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Escola do Turismo de Portugal //
Douro - Lamego
Quando ouvimos o termo literacia
imediatamente pensamos em ser capaz de dominar duas competências: a da leitura
e da escrita. Porém, o termo foi evoluindo ao longo das últimas décadas e o
conceito é atualmente um “guarda-chuva” onde cabem muitas outras micro
literacias.
A globalização, a Internet, o
progresso tecnológico, o acesso rápido à informação trouxeram tanto
oportunidades como ameaças, servindo de enquadramento ao Capitalismo
Informacional de que nos fala Castells (1966) no seu livro Sociedade em Rede.
Nesta perspetiva, saber ler e escrever é insuficiente. Hoje, mais do que nunca,
torna-se necessário que os indivíduos sejam capazes de utilizar a informação
que obtêm para resolver os problemas do quotidiano. A informação é o novo
capital! Saber usá-la convenientemente acrescenta valor e redistribui o poder.
No âmbito do turismo possuir boas skills em literacia confere aos indivíduos uma melhor compreensão de como se podem
deslocar à volta do mundo com segurança e conforto (questão ainda mais
importante no contexto pandémico que atravessamos), com um medo limitado do desconhecido,
constituindo o primeiro passo para uma experiência autêntica sem grandes
sobressaltos. Sair de casa para uma qualquer viagem despreparado e
mal-informado pode rapidamente revelar-se num pesadelo pelo qual ninguém quer
passar.
Todavia, a literacia em turismo não se
circunscreve a ser capaz de compreender como funciona a indústria de turismo,
com as suas regras e restrições frequentemente matizadas de nuances misteriosas
para um leigo. É estar ciente da existência de outras culturas e costumes, o que
aliado a um possível desconhecido da língua local ou da língua que impulsiona a
globalização, a língua inglesa, pode constituir um importante handicap.
A
internet pode-nos mostrar facilmente qualquer lugar do mundo enquanto estamos
comodamente sentados no sofá da nossa casa, mas nunca vai substituir nem
superar o insight que advém das viagens e dos passeios reais, seja a
nível nacional ou internacional, e nos fornecem dados mais abrangentes ou
informações autênticas. Partindo do princípio de quanto mais se viaja mais se
entende como o sistema funciona, a literacia em viagens e turismo pode ser
entendida, de uma forma simplista e minimalista, como a capacidade de planear e
gerir um itinerário, com segurança e eficácia: saber como se vai chegar a um
determinado local, o que se vai fazer, com quem, onde comer ou como tirar o
máximo proveito do local sem arruinar as economias. Existem várias dicas que
podem tornar alguém que nunca saiu do local em que vive num cidadão do mundo e
contribuir para um aumento da literacia neste campo. Ler um livro, não
necessariamente um guia de viagens, um simples livro, de ficção ou não, sobre o
local que desejamos visitar. Juntar-se a um grupo nas redes sociais dedicado a
viagens. Ver um filme ou um documentário. Utilizar as ferramentas digitais ao
nosso dispor e fazer uma viagem virtual, ou até aprender a língua local.
É
óbvio que um operador turístico competente pode cuidar de tudo, desde as
reservas de hotel até às refeições, para que possamos experimentar uma viagem
livre de preocupações. Porém, não substitui a experiência de viagem e só há uma
maneira de a obter: sair de onde se está e adquirir as competências de
literacia necessárias no setor de turismo e das viagens é não só inspirador e motivador
como outorga ao indivíduo empowerment, que é fundamental para se atreva
a explorar outras realidades ir para além das fronteiras que conhece. Desta
forma tornamos verdadeira a máxima de Confúcio: “Onde quer que você vá, cá
com todo o coração!”.
Autora: Paula Pinto, docente de Espanhol
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