1. Quais dos conhecimentos técnicos adquiridos na EHTP, considera que foram e/ou são, ainda, fulcrais para a sua carreira? Qual destacaria?
Durante os anos que trabalhei no sector de hotelaria foram vários os conhecimentos técnicos adquiridos na EHTP fulcrais para a minha carreira. O facto da EHTP estar, desde sempre, preocupada em ter a componente letiva associada ao que as empresas do sector do Turismo fazem e precisam, faz com que todos os conhecimentos técnicos sejam importantes para a carreira de qualquer profissional que termina o curso.
Num sentido mais restrito, considero que no início da minha carreira foram conhecimentos relacionados com a operação da receção: Alojamento teórico e prático. Mais tarde, em cargos de chefia toda a componente de gestão: GAB, CAB, Contabilidade e Qualidade, por exemplo.
De uma forma transversal e durante todo o percurso profissional, a questão de relacionamento interpessoal é um dos aspetos mais importantes para o bom desempenho de qualquer profissional deste sector. Trabalhamos com pessoas e para pessoas e num cargo de chefia a componente relacional, que também se trabalhou em mais do que uma disciplina na EHTP, é a que tem um peso significativo.
2. Sendo uma indústria de pessoas para pessoas, que competências pessoais/humanas valoriza como ideais para os profissionais da área? Destaca alguma que considere mais relevante?
A empatia é sem dúvida a que destacaria. O colocarmo-nos no lugar do outro, de forma a compreendermos as referências do outro. O facto de termos de lidar com pessoas tão diversas, quer em termos de cultura, valores, nacionalidade, tenho a certeza que é uma das principais competências que deve ser trabalhada desde o início, de quem quer fazer carreira neste sector de atividade.
3. Quando escolheu a EHTP, fê-lo porque sentiu ter uma vocação, ou por outra(s) razão(ões)? Como identificou essa vocação?
Em minha casa era bastante frequente haver convívios entre amigos e fazer a preparação desses convívios em conjunto com os meus pais era algo que me dava bastante gosto. Quando tive de fazer uma opção foi algo que naturalmente surgiu.
4. Qual foi o maior desafio da sua carreira? Porquê?
Destacaria dois desafios: a abertura do Porto A.S. 1829 Hotel e o período da pandemia no sector do Turismo.
O primeiro por toda a preparação que é necessária, e por cada dia numa abertura ser um desafio por si só. Toda a logística de contratação e formação de pessoal, contacto com fornecedores, empreiteiros e arquitetos, receção de equipamentos, materiais e mercadorias e o ter tudo devidamente preparado para receber e acolher bem o nosso cliente. Foi sem dúvida bastante desafiante de uma forma positiva.
O segundo momento foi humanamente desafiante por toda a envolvência e incerteza da situação. O facto de termos todos do setor aprendido de uma forma exponencial algo que nunca tinha sido vivenciado, foi um desafio sem precedentes.
5. De que forma se destaca a sua organização? O que a torna única? (Qual é a vossa “unique selling proposition”?)
Neste momento, estou num novo projeto fora da hotelaria – desenvolvo a minha atividade profissional em Business Intelligence, ou seja, dou um contributo para a tomada de decisões da empresa trabalhando os dados e transformando-os em algo mais legível. Resumindo, aplicar todos os conhecimentos da gestão, mas com novas ferramentas. Daí fazer referência à minha última experiência desenvolvida entre 2015-2022 no Porto A.S. 1829 Hotel.
Sem sombra de dúvidas, que no Porto A.S. 1829 Hotel, o conceito único do Hotel é o fator diferenciador – a Papelaria Araújo & Sobrinho. Uma empresa que sempre foi uma referência na cidade do Porto com mais de 190 anos e que soube perfeitamente adaptar-se ao longo dos anos da sua existência, sem nunca quebrar o espírito dos seus fundadores. Não há nenhum hotel igual a este no mundo inteiro!
Para além disso, era também o serviço de excelência que entregávamos aos nossos clientes. O nosso cliente era o centro de toda a atividade que desenvolvíamos, desde o momento da reserva até muito depois do check-out. Tivemos algumas vezes clientes que queriam saber a marca do colchão onde tinham dormido a melhor noite da sua vida e outros que questionavam sobre onde podiam comprar um candeeiro igual ao do Restaurante. O exceder as expectativas de quem nos visitava, quer no Hotel quer no Restaurante Galeria do Largo era também um destaque forte.
6. Por favor descreva, se possível, uma das cenas mais caricatas com a qual lidou ao longo da sua carreira.
Não me recordo de nenhum episódio caricato.
As situações que me estou a recordar, neste momento, são tudo experiências singulares que proporcionámos aos clientes.
Tive uma vez um casal que veio ao Porto para fazer um elopement wedding (casamento sem presença de convidados) e soubemos que se ia realizar porque a noiva pediu um ramo de flores específico em termos de flores e cores. O cuidado no pedido do ramo era bastante diferente do habitual e de uma forma indireta questionamos o casal sobre o motivo da visita ao Porto. Fizemos a preparação do quarto com decoração de luzes e flores, bolo da noiva, espumante e ainda um pequeno presente a simbolizar aquele dia. Os noivos ficaram muito felizes com a surpresa.
Recordo-me também de um casal com uma criança de 2 anos com algumas limitações alimentares, terem ido visitar a cozinha e conversado com o Chefe. A tranquilidade que proporcionamos aos pais porque sabiam que as refeições da bebé iam ser preparadas com segurança e com respeito pelas indicações que nos tinham dado foi um momento único que me recordo. Os pais ficaram bastante felizes somente por poderem diversificar a alimentação da sua filha e pela confiança que tinham no nosso serviço. São esses pequenos momentos de felicidade que mais recordo.
7. Tem alguma lição de vida que gostasse de partilhar? Algo que o marcou profundamente e contribuiu para a sua transformação como pessoa ou como profissional.
Mais do que uma lição de vida é um lema que tenho e que contribui bastante enquanto profissional e pessoalmente: aprender todos os dias algo novo.
8. Quais os seus planos futuros em termos profissionais?
Continuar a aprofundar conhecimento na área que estou a desenvolver atualmente e quem sabe aplicar este conhecimento ao sector da hotelaria.
9. Que conselhos deixa para os atuais alunos da EHTP e que em breve serão seus colegas?
É importante trabalharmos com o coração neste sector de pessoas. Criarmos valor com o coração e acreditarmos que se trabalharmos bem e corretamente o nosso esforço vai ser reconhecido (mesmo que seja um sorriso de um cliente ou um agradecimento).
10. Com que frase gostaria de terminar esta entrevista?
Nunca acomodar, sempre melhorar.