1. Quais dos conhecimentos técnicos adquiridos na EHTP, considera que foram e/ou são, ainda, fulcrais para a sua carreira? Qual destacaria?
A vertente prática da formação, em contexto real, foi sem dúvida o fator diferenciador. No meu dia-a-dia profissional, e familiar, emprego frequentemente a expressão “… para mandar fazer, é necessário saber fazer …”
2. Sendo uma indústria de pessoas para pessoas, que competências pessoais/humanas valoriza como ideais para os profissionais da área? Destaca alguma que considere mais relevante?
A capacidade de liderar pelo exemplo. Enquanto líder só obteremos o respeito e a entrega das equipas se os elementos desta nos virem como pares.
3. Quando escolheu a EHTP, fê-lo porque sentiu ter uma vocação, ou por outra(s) razão(ões)? Como identificou essa vocação?
A EHTP, em 1996, era uma referência do ensino direcionado à indústria hoteleira, e hoje em dia ainda o é.
A escolha veio por recomendação, assim como a identificação da vocação, de um amigo que em 1996 era colega de trabalho um restaurante na Ribeira do Porto. Conhecia a formação ministrada pela EHTP e considerava que eu, enquanto profissional, tinha capacidade para ir mais além do que ser empregado de mesa.
4. Quais os principais desafios que um profissional deve enfrentar sem hesitações?
O principal desafio que se apresenta a qualquer profissional da indústria hoteleira, a meu ver, é a oscilação de operação. A época baixa, em que algumas unidades hoteleiras têm de se reinventar e a época alta, em que existe o acréscimo de operação e a dificuldade em obter recursos humanos. Mas, com gosto pelo que se faz e com o apoio das equipas fazem-se milagres.
5. Qual foi o maior desafio da sua carreira? Porquê?
Em 2006, resolvi deixar a operação e dedicar-me a uma área desconhecida para mim: o desenvolvimento de projetos. A teoria que se aprende sobre equipamentos e instalações não faz jus à realidade do que é uma unidade hoteleira no papel (projeto). Mas como tinha uma visão abrangente - do que era o serviço de sala, de bar, duma pastelaria ou duma cozinha e copa, assim como duma lavandaria - foi relativamente fácil entender o que seria necessário para fazer o projeto do hotel funcionar.
6. De que forma se destaca a sua organização? O que a torna única? (Qual é a vossa “unique selling proposition”?)
... identifico-me com empresas que valorizam os colaboradores acima de tudo. Os colaboradores satisfeitos tratam bem os clientes, é uma excelente máxima dum visionário.
7. Por favor descreva, se possível, uma das cenas mais caricatas com a qual lidou ao longo da sua carreira.
Há uma expressão popular muito engraçada na língua portuguesa, “Colocar o Rossio na Rua da Betesga”, que se aplica a alguns investidores/ promotores de unidades hoteleiras que querem fazer dum vão-de-escadas uma cozinha profissional. Não funciona.
8. Tem alguma lição de vida que gostasse de partilhar? Algo que o marcou profundamente e contribuiu para a sua transformação como pessoa ou como profissional.
Se tratarmos bem os outros, mesmo quando não merecem a nossa consideração ou compaixão, ganhamos o respeito dos nossos pares. A primeira vez despedi um colaborador, embora a gravidade da atitude o justificasse, foi difícil, mas coloquei o bem comum em primeiro lugar. A equipa reconheceu a minha capacidade de os liderar.
9. Quais os seus planos futuros em termos profissionais?
Continuar a gerir hotéis, acompanhar processos de abertura de novos hotéis e, estar junto das equipas e clientes.
10. Que conselhos deixa para os atuais alunos da EHTP e que em breve serão seus colegas?
Lutem sempre pelos vossos sonhos, nunca desistam. Façam sempre o que amam. Respeitem sempre os outros, escutem o que a “voz da experiência” tem a dizer. O meu avô dizia: “Muitas opiniões ouvirás, mas no final só a tua seguirás!”. O conhecimento vem de todos os lados, temos as nossas convicções e ideias, mas temos de ver pelas várias perspetivas.
11. Com que frase gostaria de terminar esta entrevista?
Sejam felizes! A mim, trabalhar no turismo enche-me de alegria.