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28 nov 2024
Escola de Hotelaria e Turismo do Porto

Turismo: Mais mulheres, menos poder!

A equidade e a igualdade de género são tópicos relevantes nos tempos atuais, tendo sido assuntos bastante debatidos ao longo do último século. A luta pela igualdade do género feminino começou há mais de 600 anos. Apenas nos últimos cem anos temos feito avanços que proporcionaram às mulheres quase a mesma liberdade que os homens.

Todavia, referir apenas a igualdade do género não é suficiente. Homens e mulheres, para além de terem as mesmas oportunidades, precisam de ter o mesmo acesso a estas. Deste modo, entra o tema da equidade do género, que luta para que todos sejam tratados com justiça e que as dificuldades geradas pelas diferenças sejam eliminadas.

Um dos setores de trabalho onde o povo português apresenta maior naturalidade e maior vantagem em comparação a vários  outros  países  é no Turismo. O povo português é, por sua natureza, hospitaleiro, tendo o turismo no seu sangue.

 

O contexto do setor do turismo

O turismo é um dos motores mais importantes da economia portuguesa, empregando mais trabalhadores do que qualquer outro setor, gerando 2 em cada 10 empregos em Portugal. Ao contrário do que acontece maioritariamente nas outras áreas profissionais, tanto em Portugal como na maioria dos países da Europa, o setor do Turismo é a área em que as mulheres ocupam uma maior percentagem como trabalhadoras. No nosso país temos mais mulheres empregadas no Turismo do que em qualquer outro setor, sendo que 58% dos cargos são ocupados pelo género feminino. À escala europeia, dos 9 milhões de trabalhadores na área do Turismo, 56% são mulheres.

Porém, apesar da mulher ter uma maior presença no setor, não significa que seja mais favorecida. A maioria rapidamente passa a uma minoria quando se analisa quem alcança os cargos mais altos e de liderança nos diferentes subsetores: hotelaria, restauração, agências de viagens, aviação, entre outros.

O género feminino tende a ter mais qualificações académicas do que o género oposto. Já em 2010, de acordo com o Eurostat, as mulheres tinham cada vez mais formação do que os homens. Dados mais recentes mostram que, hoje em dia, no turismo e na hotelaria, são as mulheres que mais se candidatam a cursos nestas áreas, cerca de 60%, e, adicionalmente, são as que mostram mais sucesso durante a formação e que mais se diplomam.

No entanto, estas vantagens não se refletem na folha salarial. No setor do Turismo, a mulher ganha em média menos 33% do que um individuo do género oposto.  

Acresce que para além da disparidade salarial, também existe uma disparidade no que toca a atribuição de cargos de poder. Existem mais homens em cargos de coordenação, científicos e de gestão do que mulheres. Nos subsetores de alojamento, agências de viagens e operadoras turísticas são também, na sua maioria, os homens a tomar posse dos cargos de liderança.

Contudo, importa ter em mente, que nestes subsetores as mulheres perfazem a grande maioria dos trabalhadores, podendo concluir que certamente existe um desnível de oportunidade. Geralmente, a mulher tende a ter mais dificuldades em ultrapassar cargos de chefia intermédia, e, quão mais se sobe na hierarquia, menos mulheres tendemos a ver.

A professora Patrícia Correia, diretora geral do Monte Santo Resort e formadora na Escola de Hotelaria e Turismo de Portimão, relata que no início da sua carreira, há mais de 20 anos, o número de mulheres em cargos de direção de hotéis se podia contar pelos dedos de uma mão. Os alunos da escola da professora Patrícia Correia, Escola de Hotelaria e Turismo de Portimão, realizaram um pequeno inquérito a oito unidades hoteleiras da região e conseguiram retirar os seguintes dados relevantes: os cargos de direção são liderados pelos homens, sendo que estes completam 58% das posições. Identicamente, na Receção tendem a ser os homens a assumir o cargo, ascendendo a 56% dos trabalhadores. Contrariamente, as mulheres dominam nos cargos de Serviços Administrativos, perfazendo 64% do corpo trabalhador. Em animação as mulheres ocupavam 80% dos postos totais. Como esperado, nas áreas de Housekeeping a mulher domina com uns esmagadores 91,5% e em SPA, as equipas eram compostas inteiramente por mulheres. No oposto, a Manutenção, um cargo tradicionalmente masculino, é 100% composto por homens e a Cozinha, Pastelaria e Copa têm valores ligeiramente superiores aos de receção, ou seja, cerca de 65%.

Os critérios de atribuição de cargos com diferentes importâncias a sujeitos de ambos os géneros, não tem uma justificação explicita.  Tanto o homem, como a mulher passam neste ramo pelo mesmo fardo que é a falta de horários tradicionais. O setor exige horários fora do “comum” que envolvem trabalhar aos fins-de-semana, nos feriados e até horas “não sociais”. A carga horária em si é muito variável e por vezes ultrapassa as 40 horas semanais. Em média, o trabalhador do género masculino trabalha 49 horas semanais, enquanto a mulher trabalha 44 horas. Poder-se-ia concluir que a diferença salarial se dá à diferença de horas laborais.

Porém, observando a remuneração pela hora, conclui-se que a mulher ganha menos à hora do que o homem. Num mundo ideal, o funcionário estaria sempre disponível para exercer o seu trabalho não tendo nenhum outro compromisso, atributos tipicamente concedidos ao trabalhador masculino.

O preconceito de que as mulheres não são adequadas para cargos de topo não tem fundamentação. A discriminação ganha peso com o facto de homens em cargos de topo terem preferência em trabalhar com outros homens. A razão de tal pode ser pelo facto de homens tenderem a estabelecer contactos, que se tornam informais fora do trabalho. Os horários e contextos em que estes contactos são estabelecidos acabam por ser um fator limitador para a progressão da mulher na carreira.

Não obstante, a mulher não é sempre vista como um trabalhador igual, por vezes pela falsa ideia de falta de competência ou talvez pela disponibilidade reduzida fora dos horários de trabalho estabelecidos. Todavia, os homens tendem a ter mais capacidade de trabalhar mais horas do que a mulher, pelo facto de esta ter de assumir obrigações domésticas e familiares.

 

O contexto familiar 

De acordo com um estudo realizado pela Fundação Manuel dos Santos, onde conversaram com 2428 mulheres em idade ativa, residentes na zona metropolitana de Lisboa e no centro do país, em média, as mulheres passam quase seis horas por dia dedicadas a trabalho não pago, ou seja, tarefas domésticas. Este estudo demonstrou, igualmente, que a mulher independentemente de estar ou não empregada, a repartição de tarefas raramente é justa, sendo elas a realizar cerca de 74% das tarefas domésticas. Acreditamos que esta situação acaba por gerar um elevado nível de cansaço e torna o tempo escasso para uma maior dedicação profissional por parte das mulheres e que isso possa influenciar no afastamento dos cargos mais elevados por estarem sobrecarregadas e terem menos disponibilidade para assumir postos que obriguem uma maior flexibilidade na rotina e afastamento da vida familiar.

A mulher é principalmente prejudicada pelas questões familiares que tradicionalmente tende a assumir. A mulher tende a ter mais trabalhos part-time do que homem, assumindo remunerações mais baixas e piores condições de trabalho. A falta de apoio à mulher, leva-a a procurar com mais frequência trabalhos part-time para poder conciliar o emprego com trabalho doméstico, como por exemplo dar maior assistência à família. A mulher acaba por se colocar involuntariamente em situações contratuais precárias e mal remunerada. Para contrastar, o homem também assume trabalhos a tempo parcial, tipicamente no contexto como estudante. O género masculino tem uma maior tendência em procurar e ter trabalhos a tempo inteiro.

A partir de uma análise dos cargos mais desejados por ambos os géneros, tendo por base a opinião da técnica da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, Ângela Carreira, constata-se que “As mulheres escolhem muitas vezes a profissão que se espera delas, procurando a maioria das vezes profissões associadas ao prolongamento do trabalho de casa e de cuidado da família (e também mais mal pagas), do que as profissões tendencialmente abraçadas por homens.” Adicionalmente, a representante do departamento de formação das Escolas do Turismo de Portugal, Vera Margarida Cunha, refere o facto de não deverem existir entraves na vida pessoal e profissional dos trabalhadores em função do seu género, mas que isso ainda não é uma total realidade pois continuam a existir estas desigualdades, “ainda assistimos a um conjunto significativo de situações promotoras de desigualdades de género no sector que são (…) imputáveis a toda uma sociedade que os aceita e reproduz mesmo que de forma subliminar”.

As ideias preconcebidas dos géneros é uma das razões pelas quais as mulheres continuam a ter mais responsabilidades domésticas do que os homens. A visão da mulher na sociedade conserva-se como sendo primordialmente mãe. Este pensamento estereotipado agrava-se ainda mais no setor do Turismo, sendo um dos ramos que exige mais nível de prontidão por parte dos colaboradores devido aos horários praticados. A maternidade é ocasionalmente um fator eliminatório para a mulher. Há alguns anos atrás, devido ao medo de baixas de gravidez, não eram divulgados trabalhos nas áreas de restauração e receção às mulheres da mesma maneira que eram aos homens.

Conforme a investigadora Inês Carvalho do Diário de Notícias num estudo que conduziu, as mulheres sentiam relutância em relatar casos de discriminação e utilizar o termo “discriminação”, por medo de poderem ser acusadas de discursos de vitimização. Correspondente ao estudo, as mulheres entrevistadas relataram ter de trabalhar o dobro que os homens no início de carreira para poderem ser vistas como competentes e fazerem com que o seu trabalho fosse valorizado. Segundo um relato da professora Patrícia Correia, quando esta assumiu um cargo como diretora geral de um novo projeto, nos primeiros dias ao mexer pelos relatórios que lhe foram dados, Patrícia Correia veio a descobrir que o diretor de hotel que veio a substituir ganhava sete vezes mais do que ela. Quando confrontou a situação recebeu uma repreensão de como não poderia exigir mais por ser nova e que tinha ainda muito que provar.

Nas entrevistas feitas, quatro delas continham relatos de casos de discriminação direta: casos de assédio pela parte dos seus superiores na altura da gravidez e licença de maternidade, fazendo pressão para que a licença não fosse aproveitada na sua totalidade ou para pressionar a abandonar o cargo. Das entrevistadas, dois terços dizem ter experienciado discriminação indireta, envolvendo comentários de como estas deviam estar em casa a cuidar dos filhos.

 

As mulheres na aviação

Ao longo das décadas a mulher tem vindo a ganhar credibilidade, a ser vista como um individuo capaz e de confiança. Com a evolução da perceção da mulher, esta tem vindo a ocupar mais posições de trabalho em vários subsetores do turismo. Assim, englobado na área de Turismo, está a aviação. Estima-se que em Portugal, da totalidade de pilotos, apenas 3% a 5% sejam mulheres. À escala mundial a percentagem altera-se, subindo para os 9%. Atualmente, em Portugal existem 2931 pilotos com licenças comerciais, dos quais apenas 123 são mulheres, 55 trabalham na TAP, 11 na EasyJet e as restantes 57 ou acabaram de tirar a licença ou estão a trabalhar na Portugália Airlines, Ryanair, Sata Internacional, Sata Air Açores e White Airways. De acordo com a “Internacional Society of Women Airline Pilots”, existem 7409 mulheres piloto no Mundo, o que representa 5,18% dos pilotos das 34 principais empresas aéreas.

Em 1928 surgiu a primeira mulher a obter o brevete de piloto em Portugal, Maria Teixeira. Apenas em 1973 surgiu a primeira mulher a pilotar voos comerciais e em 1990 a primeira mulher integrou o quadro de pilotos da TAP. É de realçar o facto da TAP ter sido fundada em 1945, e durante 55 anos exigir “situação militar regularizada” dos pilotos, um requisito que eliminava as mulheres. Eva Vaz, pilota formada em Angola, testemunhou em primeira mão a discriminação. Começando logo pelos estudos, Eva conta ter sido gozada pelos seus colegas, todos homens, por ter de sair a meio das aulas para amamentar. Relata também sobre a sua experiência a voar a guerra em Cabo Delgado sozinha, arriscando a sua vida da mesma maneira que os seus colegas, no  entanto  recebendo apenas metade do ordenado destes. Mais chocante foi quando Eva Vaz pilotava para a linha aérea LAR, Linhas Aéreas Regionais, quando em 1980 um comandante se recusou a voar com ela por ser mulher, fazendo com que ela fosse retirada do voo.

No entanto, muitas mulheres resistiram e serviram de exemplo que motivam cada vez mais mulheres a seguir o sonho em aviação.  Para efeitos de ter mais mulheres presentes no mundo da aviação, a TAP lançou a iniciativa 25by2025 com o objetivo de aumentar, nas companhias aéreas membro, o número de mulheres em cargos seniores e em empregos sub-representados.

 

O mundo da cozinha Michelin

Apesar de tudo, a aviação não é o único setor onde a mulher tem dificuldade em vingar. No mundo da cozinha Michelin, a mulher tende a ter menos reconhecimento do que o homem. Neste momento, em Portugal, contamos com 33 restaurantes com estrelas Michelin, 7 desses com duas estrelas e 26 com  uma  estrela,   nenhum   dirigido  por  uma  chef mulher, o que nos levou a questionar o porquê. A verdade indica que a mulher é apontada, mas raramente ganha a estrela Michelin.  É curioso que do ponto de vista tradicional, cozinhar é uma tarefa doméstica frequentemente associada ao género feminino, por consequência, é a mulher passa mais tempo na cozinha. Contudo, no âmbito profissional, a mulher deixa de ser vista como credível e é o homem que lidera. Especula-se que a mulher tende a não conseguir conjugar a vida pessoal com a do trabalho que envolve 12 horas ou mais. Mesmo assim, se isto fosse a regra, não haveria mulheres com estrela Michelin pelo mundo.

A chef Lúcia Ribeiro, formada em gestão internacional, é uma chef de sucesso e com bastante experiência, tendo trabalhado em restaurantes de estrela Michelin no estrangeiro. No entanto, sente que Portugal a impediu de chegar mais longe. Enquanto que na Europa há mulheres com duas ou até três estrelas Michelin, em Portugal ainda estamos por ter uma. Lúcia Ribeiro defende que a mulher tem mais dificuldades no ramo da cozinha profissional, afirmando que “nesses restaurantes com estrelas, eu era das poucas mulheres na cozinha, e tornava-se um ambiente bastante masculino. Mas o grande problema é que ninguém nos dá o valor devido. Existe uma coisa na cozinha, entre os homens, de se apoiarem uns aos outros, mas, principalmente aqui em Portugal, existe uma falta de apoio às mulheres neste meio. E depois quando estas também querem outras coisas como família, crianças, torna-se muito complicado trabalhar 12 horas por dia com uma família em casa.”

Um documentário da francesa Vérane Frédiani demonstra as aparentes dificuldades com que a mulher se depara para garantir afirmação num espaço claramente dominado pelo sexo oposto. O impacto do documentário foi tão extenso que deu início a um movimento internacional intitulado #michelintoo.

Acreditamos que um dos motivos que contribui para o facto de não existirem restaurantes Michelin em Portugal com uma chef mulher seja o domínio masculino nas cozinhas profissionais. Estes acabam por se relacionar em situações fora do expediente e desenvolver laços que acabam por posteriormente contribuir dentro do trabalho. Para além disso, numa indústria com horários tão pesados, não se pode esquecer que a mulher muitas vezes se vê obrigada a abdicar da sua vida profissional ao decidir constituir família. A decisão não se dá apenas à falta de apoio familiar, mas de igual modo ao período de tempo a que são afastadas do trabalho pelas leis do nosso país, o que por sua vez, não acontece aos homens ao tornarem-se pais, considerando-se assim, como já referido anteriormente, o homem o género como mais disponível a longo prazo.

Posto isto, para obtermos um ponto de vista em primeira mão de uma mulher que esteve no terreno, foi feita uma entrevista à professora de Técnicas de Comunicação e Storytelling da Escola de Hotelaria e Turismo do Porto, Carla Alexandra Santos, ex-chef de cozinha.

 

Entrevista com Carla Santos

A professora Carla Santos obteve experiência profissional na cozinha em inúmeros contextos, trabalhando em caterings para casamentos, showcooking em supermercados, no restaurante Esporão, no Alentejo, e no restaurante Esperanto em Estocolmo. Carla Santos relata ter escolhido o restaurante sueco para obter experiência não só internacional, como em contexto de estrela Michelin. Durante esta sua experiência no estrangeiro, teve ainda a possibilidade de ajudar a compor o menu da nova estação com o resto da equipa e ainda acompanhar o seu chef aos Estados Unidos para um catering especial.  Adicionalmente, explica que “queria vivenciar essa realidade para perceber como me sentiria a trabalhar a esse nível. A minha experiência foi maravilhosa! Tive a melhor experiência de estágio (…).” Carla Santos realça como a realidade do restaurante em que estagiou é diferente da maioria, até comparativamente aos outros restaurantes suecos.

Quando questionada quanto a ter conhecimento ou vivenciado algum tipo de preconceito, a professora de Comunicação admite já ter presenciado vários momentos de preconceito e até vivenciado outros. Explica que nenhum destes momentos de discriminação sucederam em Estocolmo e sublinha que não aconteceram todos em contexto de cozinha, mas também noutras áreas laborais.

No tema de igualdade de cargos na cozinha, a ex-chef diz ter tido experiências em que o número de homens e mulheres era relativamente equilibrado, mas exalta o ponto, que “números não representam igualdade. A questão da igualdade transcende a questão de números, pois está baseada numa perspetiva de poder. O acesso só é igualitário se incluir também as posições de chefia, liderança e decisão”. Portugal também tem espaços de trabalho inclusivos, existindo, no entanto, um longo caminho a percorrer.

Por fim, para responder ao porquê da inexistência de restaurantes Michelin com uma mulher chef a representá-lo em Portugal, a professora Carla Santos comentou que realmente como todas as outras áreas, o homem sempre foi privilegiado. Suplementarmente, realça a necessidade de se questionar o sistema Michelin. Acresce que o sistema não é, em momento algum, o único e exclusivo significado de excelência ou mérito. As mulheres portuguesas que trabalham no contexto Michelin serão também reconhecidas e valorizadas se não através do sistema Michelin, através de outros meios.

 

Constatação da evolução

Há que deixar claro, que a discriminação é cada vez menos aparente. Ao longo das últimas décadas temos visto um grande desenvolvimento no pensamento e nos estereótipos atribuídos a cada um dos géneros. Apesar de ainda termos um grande caminho para percorrer, estamos claramente a fazer progressos. A mentalidade dos jovens está diferente e grande parte das últimas gerações são mais inclusivos para com as mulheres no trabalho.

Coloca-se a questão: Haverá alguma maneira de eliminar o espaço entre o homem e a mulher no mundo do trabalho?

Certos países aproximaram-se da solução. Medidas de igualdade de género, já encontradas noutros países europeus, se aplicadas também em Portugal, poderiam ajudar a reduzir significativamente tais diferenças. Medidas tais como ambos os pais biológicos, ou não, serem obrigados a usufruir do direito a licença de maternidade por igual período, o que faz com que diminua o preconceito encontrado, direcionado às mulheres, durante o processo de recrutamento nas empresas.

Vejamos o caso da Islândia: o país mais “gender neutral” no que toca a ordenados. Para aproximarem os ordenados, um dos métodos que usaram foi exatamente o anteriormente mencionado. Este seria um método, que adotado em Portugal, traria mais oportunidades, estabilidade e segurança à mulher. Há que ter em conta que a licença de maternidade é paga pelo estado e a empresa teria apenas de encontrar alguém que ocupasse o posto durante este período de tempo. Claro, que tal medida seria mais uma despesa para o estado, no entanto, não interferiria em nada nos gastos da empresa.

Hoje em dia, cada vez mais homens estão dispostos a ter um papel maior na vida familiar. A mentalidade da população está a modernizar-se, e, os homens geralmente estão tão presentes quanto as mulheres na vida familiar. Importa, igualmente, referir as famílias unifamiliares. Por exemplo, no caso de um divórcio, nos dias de hoje, a guarda não é garantidamente atribuída à mãe; pelo contrário, a regra começa a ser a guarda partilhada. Assim, a guarda partilhada, serve como uma boa maneira de ilustrar como os homens estão cada vez mais envolvidos quando se trata da maternidade. Nestas situações, os homens encontram-se igualmente vulneráveis quanto as mulheres; no entanto não significa que sejam menos valiosos que os seus colegas noutro tipo de situações familiares.

Concluindo, como seria esperado, a solução para a equidade dos géneros, é protegendo a mulher nas situações de vulnerabilidade, sendo as mais predominantes a maternidade e a vida familiar.

 

autoria:

Ana Morgado e Beatriz Machado

Antigas alunas da Escola de Hotelaria e Turismo do Porto

 

Obs:

Elementos adicionais e bibliografia disponíveis no artigo originalmente publicado na revista LOBBY Nº 02.

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