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16 dez 2024
Escola de Hotelaria e Turismo do Porto

Astroturismo e “Dark Skies” como atração turística alternativa em Portugal

O astroturismo é um novo nicho que tem vindo a consolidar-se em todo o mundo. O fascínio vislumbrado nos olhos dos “sky gazers” e o interesse pelos fenómenos cósmicos chamam a atenção da nossa sociedade há muito tempo. Como tem sido evidenciado através de mitos e locais sagrados, aparentemente ligados à observação do céu, a astronomia oferece oportunidades para conciliar gostos. Além disso, fornece maneiras de justapor a diversão de visitar novos lugares com a contemplação do mundo cósmico desconhecido.

 

Os mistérios que reúne são imensos e a humanidade sempre tentou interpretar o céu (Karttunen et al., 2016). Algumas trilhas de destroços desencadeadas por chuvas de meteoros, assim como as configurações das estrelas foram encarados com angústia e admiração, por isso a nossa sociedade atribuiu-lhes várias conotações (Sinclair, 1997) e agregou-lhes histórias. Por enquanto, o céu noturno é alvo de outras solicitudes relacionadas com as descobertas e medições de objetos ténues realizadas por intermédio de telescópios de última geração, apontados para um céu imaculado e livre de poluição luminosa. Portanto, astrónomos e especialistas interessados em pesquisas relacionadas com o estudo da atividade da biodiversidade noturna, viajam para destinos com céus escuros. Esses viajantes desejam, segundo Fayos-Solà, Natin e Jafari (2014) “utilizar o recurso natural de paisagens noturnas bem cuidadas para o lazer e o conhecimento astronómico”. Embora o interesse inicial das viagens esteja vinculado ao conhecimento, ciência e cultura, foi a experiência em congressos sobre astronomia, sob céus desprovidos de poluição luminosa, que tem originado a criação de eventos para astroturistas potenciais permitindo que aqueles sejam persuadidos a prolongarem a sua permanência. Em função da sua localização, um “dark sky” possui fatores que o diferenciam de outros lugares combinando a necessidade intangível e tangível de viajar, pois um turista nem sempre adota o comportamento de um “flâneur” baudelairiano. Portanto, será lucrativo considerar que podem ser mercantilizados para satisfazer as expectativas de turistas e astrofotógrafos com interesses em “dark skies”.

 

O meu objetivo, neste artigo, não é fazer a apologia da mercantilização reificada uma vez que o turismo pode “contribuir para a degradação contínua do nosso planeta” (Croall, 1995: 1), mas destacar que o astroturismo não é unilateral. Pode ser considerado, conforme mencionado subtilmente, como não nvasivo, ou seja, como “protetor” da biodiversidade. Por exemplo, destinos “dark sky” têm a possibilidade de acolher uma infinidade de atividades turísticas, realçando a beleza e as vantagens da observação noturna das estrelas e de mostrar produtos atrativos sob o céu noturno, como ocorre na reserva do Alqueva.

 

Não existe exploração formal do astroturismo em Portugal, mas considero que este nicho tem imensas mais-valias para as receitas turísticas e também para o nosso país, visto que permite oferecer:

- destinos “dark sky”;

- fotografia e observação de eclipses solares;

- observatórios;

- astrofotografia;

- fotodocumentação;

- recurso a telescópios de longo alcance com guias;

- observação das estrelas com o uso de binóculos e / ou telescópios portáteis;

- degustações de vinhos.

 

Por conseguinte, este segmento pode ser introduzido como uma novidade para os turistas que visitam o nosso país e que desfrutam das nossas reservas naturais. Os viajantes podem ser convidados a contemplar o céu em áreas protegidas, além de desfrutarem da noite num ambiente descontraído após um árduo dia de lazer ou excursão pela natureza. O astroturismo é uma opção que complementa o turismo tradicional, pois certamente atrairá mais turistas.

 

autoria:

Hélia Saraiva

Professora de Turismo Acessível e Inclusivo - Disability Studies

 

Obs: Elementos adicionais e bibliografia disponíveis no artigo originalmente publicado na revista LOBBY Nº 00.

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