O turismo do século XXI vive uma mudança profunda. Mais do que deslocar-se, o viajante moderno procura significado e experiências que o liguem ao território, às pessoas e aos valores universais. Assim, nasce o conceito de turismo com propósito: um modelo que combina prazer, responsabilidade e impacto positivo no mundo.
Durante décadas, o turismo foi visto como um motor económico, mas raramente como um instrumento de consciência social. Hoje, o setor é chamado a assumir um papel mais humano e ético, capaz de equilibrar crescimento e sustentabilidade. Por isso, utilizamos o termo “de pessoas para pessoas”. A Estratégia Turismo 2027, do Turismo de Portugal, reflete precisamente esta visão: promover um turismo inclusivo, inovador e ambientalmente responsável.
Viajar com propósito significa compreender que cada escolha — o destino, o transporte, o alojamento ou a refeição — tem consequências. O turista consciente procura experiências que beneficiem as comunidades locais, respeitem a cultura e preservem o património natural. Nesse sentido, o turismo torna-se uma ferramenta de educação, empatia e transformação social.
O conceito de turismo inclusivo amplia esta perspetiva. Incluir é mais do que garantir acessos físicos; é valorizar a diversidade humana em todas as suas dimensões. Um destino verdadeiramente acolhedor é aquele que integra pessoas com diferentes capacidades, origens e histórias. Portugal tem feito progressos com projetos como o Turismo Acessível, mas o maior desafio continua a ser a sensibilização e a mudança de mentalidades.
A hospitalidade ganha, assim, um novo significado: acolher não é apenas receber, é compreender. Quando o turismo se faz com empatia, gera laços duradouros entre visitantes e comunidades, criando uma relação de reciprocidade e respeito. O propósito torna-se o elo entre a experiência pessoal e o impacto coletivo.
Este novo paradigma exige também profissionais conscientes, formados para servir com técnica e sensibilidade. Escolas como a EHTP desempenham um papel decisivo ao preparar futuros líderes do setor, capazes de unir conhecimento, ética e visão humana. O turismo não é apenas uma atividade económica: é um espaço de encontro, de aprendizagem, de regeneração e, claro, de alavancagem social.
Mais recentemente, o debate sobre o turismo regenerativo amplia ainda mais este horizonte. O objetivo já não é apenas minimizar danos, mas criar impacto positivo, revitalizando ecossistemas e comunidades. Trata-se de uma visão evoluída do turismo sustentável, que convida todos — empresas, instituições e viajantes — a agir com consciência e compromisso.
O futuro do turismo será, inevitavelmente, um futuro com propósito. Viajar deixará de ser apenas um ato de lazer para se tornar um ato de cidadania. Cada viagem, quando guiada pela empatia e responsabilidade, será também um contributo para um mundo mais inclusivo, sustentável e humano.
autoria:
Ariel Mayeto Canga Garcia
Alumni do Curso de Gestão de Turismo
.webp)